Riso, encantamento e suspensão: Aporias e paradoxos numa festa transmontana do ciclo de inverno
Resumo
A partir de um estudo longitudinal das cerimónias do ciclo de inverno no Norte de Portugal, o objetivo deste texto é responder ao aparente paradoxo entre a diminuição do número de residentes do interior transmontano e o crescendo de participação na festa e nas suas derivações. Salienta-se a participação nos cortejos realizados em pontos vários de Portugal e da Europa, bem como a suspensão devida à pandemia, em 2020. Proponho uma abordagem que insere as festas de inverno num tempo longo, e que atende à relação entre «fora» e «dentro». O argumento central baseia-se nas apropriações da cultura em situações contemporâneas, discutindo a coexistência e a transição entre dois tipos de conexão com as celebrações. Uma delas remete para um valor de uso, a outra para um valor de troca, corroborando a transposição de uma sociedade rural articulada com a produção para uma outra associada ao consumo, como amenidade.
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