Do lado da gente que vive de frente: José Mário Branco por terras de França

Ricardo Andrade, António Branco, Hugo Castro

Resumo


José Mário Branco foi uma figura fundamental na configuração do universo da música popular em Portugal no último meio século, tendo iniciado a sua atividade discográfica durante os anos de exílio em França (1963-74), no final da década de 1960. Os seus álbuns, nos quais foi também responsável pela produção e arranjos, foram sintomáticos de algumas importantes mudanças nas práticas de gravação neste período, sendo cada vez mais comum a criação de realidades sonoras no estúdio que extravasavam a mera captação da performance ao vivo. A maior diversidade no suporte instrumental das canções e o uso criativo das potencialidades tecnológicas do estúdio sintonizavam com a crescente sofisticação sonora e estrutural da música popular anglo-americana. A sua formação musical e interesse no universo da música tradicional portuguesa, assim como a sua inspiração sonoplástica, influenciada pelo trabalho prévio na rádio e no teatro, motivaram Branco a contribuir – explicitamente – para a renovação estética da «canção de protesto», procurando exponenciar o potencial comunicativo da componente musical das canções, a qual considerava estar frequentemente subalternizada relativamente à palavra. Neste artigo, procuramos apresentar de forma sistemática os principais momentos e mudanças no seu percurso artístico até 1974, articulando-os com a atividade política e organizativa, incluindo a dinâmica associativa da emigração portuguesa em França neste período.


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