Is it Polyphony?

Manuel Pedro Ferreira

Resumo


Este artigo versa sobre uma questão que pode surgir na investigação sobre fontes musicais medievais, e que tem consequências importantes na nossa visão da História da Música: como distinguir uma peça polifónica de uma composição monódica. Tomando como objecto os versus dedicados a São Marçal por Ademar de Chabannes, escritos no mosteiro de Saint Martial de Limoges (Aquitânia) no início do século XI (Paris, B. N. lat. 909, fols. 202-205), procura-se demonstrar que os critérios invocados no passado para negar um carácter polifónico a esta composição não resistem à análise crítica. No entanto, a interpretação alternativa não é facilmente admissível, já que tanto as expectativas musicais do investigador como a confiança por este tradicionalmente depositada nos tratados teóricos conservados limitam o seu horizonte de reconhecimento. Uma discussão das questões levantadas por esta composição levam, se não à revisão da opinião corrente sobre o papel de Saint-Martial de Limoges no desenvolvimento do organum aquitano (identificação de uma peça polifónica aí originada, meio-século anterior às peças até agora reconhecidas), pelo menos a uma mais profunda consciência epistemológica dos pressupostos musicológicos que condicionam a investigação.


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