O «som brônzeo» da morte: Poder e liturgia fúnebre a partir da torre sineira da Santa Igreja Patriarcal de Lisboa (1730-1769)

Rodrigo Teodoro de Paula

Resumo


Durante o período moderno, a utilização do som como representação hierarquizada do poder ganha relevo, em Portugal, a partir de uma engenhosa «política sonora» levada a cabo por D. João V. Destacam-se como parte relevante dessa política os investimentos dedicados à actividade sineira, como a renovação da torre da Santa Igreja Patriarcal, a instalação de novos sinos na mesma e a atualização dos toques praticados no cerimonial litúrgico, tendo como referência o modelo romano. Os sons dos sinos que se propagam desde a susodita torre, configuram-se como um dos principais componentes sonoros activados nas acções propagandísticas dos monarcas, desde as suas aparições públicas às cerimónias realizadas na sua trajectória de vida (e de membros da família real) como nascimentos, aniversários, casamentos, aclamações, exéquias, e outras ocasiões. Através de duas fontes relacionadas com a actividade sineira lisboeta, o tratado manuscrito do mestre de cerimónias António Rodrigues Lages, intitulado Altissonancia sacra restaurada (1769) e o Kalendario dos toques dos sinos (1812), propomos, no presente artigo, uma análise dos ditos documentos na intenção de identificar as relações entre o poder real, os sons dos sinos e a liturgia fúnebre, assim como a aplicabilidade do sistema joanino pensado para as cerimónias solenes de morte, a partir da Torre da Patriarcal.


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