O vilancico no reinado de D. João V: Entre a persistência do costume e a mudança de paradigmas litúrgico-musicais

Rui Cabral Lopes

Resumo


O vilancico religioso é, seguramente, um dos géneros musicais mais representativos da fase inicial do reinado de D. João V, não apenas pela sua ampla projeção no âmbito das práticas litúrgicas seguidas pela Capela Real de Lisboa, como também pelas transformações formais e estilísticas que protagonizou face à influência da música italiana. As circunstâncias e as motivações do abandono do género em 1716, no seguimento de uma prática quase ininterrupta de setenta e seis anos, a sua essência vernacular, irreconciliável com a reestruturação em curso do ritual litúrgico e da própria instituição, as afinidades com os repertórios homólogos praticados em polos musicais externos situados em Portugal e Espanha e o papel específico dos folhetos de vilancicos na estratégia de afirmação do Poder Real junto da sociedade civil, são alguns dos tópicos que justificam um olhar atento sobre o vilancico joanino, sobretudo pelo facto de o implicarem numa teia mais vasta e complexa de realidades cultuais, artísticas e institucionais. O presente artigo propõe uma perspetiva sistematizada sobre as singularidades musicais e funcionais do vilancico, no período considerado, procurando posicionar o género no eixo das transformações que vieram a alterar, em definitivo, os pressupostos do Ritual e da Sociedade, sob a égide do Rei Magnânimo.


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