What Was New Music: Arrigo and Bartók in Lourenço

José Oliveira Martins, Jonathan Dunsby

Resumo


Os excertos de Eduardo Lourenço sobre Thumos de Arrigo e Música para Cordas, Percussão e Celesta de Bartók têm múltiplas implicações, tanto estruturais como de significado. Discutimos o conceito apresentado por Lourenço de ‘tempo em reverso’, tanto na perspectiva da teoria da música, assim como das interpretações que apresenta, na década de 1960, sobre o modernismo que pareciam tão distintas das interpretações ‘clássicas’ na arte musical. Tal como Adorno, seu contemporâneo, apresenta a ideia de que a ‘música nova [moderna] cintila num instante’, a qual é possível exemplificar através dos ostinati nas obras de Arrigo. Estas técnicas, como propomos neste artigo, estimularam em Lourenço o conceito de música que nos leva ‘do futuro para o passado’, uma música que experienciamos na ‘profundidade das nossas origens’. Em Bartók, Lourenço encontra paradoxos, como a ‘velocidade congelada’, inspirados pela tensão entre a experiência do processo musical e as suas particularidades e implicações estruturais. Debruçamo-nos em três aspectos relevantes na análise musical: (1) como o arco de entradas em quinta perfeita gera uma estrutura de alturas em tempo real multifacetada; (2) como estas relações multifacetadas são detalhadas no ‘novo cromatismo’ das entradas do sujeito ao longo da fuga; e (3) como as relações, entre os níveis macro (da forma) e micro (do sujeito), evocam construções de classes de altura de padrões periódicos concebidos como fora do tempo (sincrónicos), a que chamamos de espaços de afinidade. Recuperando um paralelismo há muito perdido, partimos de Thumos actualmente relativamente marginalizada, e resistente a formulações contemporâneas da análise musical, e a obra de Bartók agora considerada ‘clássica’ e não problemática em diversos sentidos, embora continue a revelar relações musicais surpreendentes. Estas obras chegaram a Lourenço, de modo idêntico e modernista, como um ‘lugar’ de ‘incoerência supremamente coerente […] de um universo totalmente deserto’. 


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