Musical Priorities in the Cultural Policy of Estado Novo

Maria de São José Côrte-Real

Resumo


Numa reflexão questionante em torno do uso da música, como ferramenta de poder, pela Política do Espírito, o artigo discute aspectos do domínio conceptual e comportamental de um processo que se desenvolveu entre o início dos anos trinta e o início dos anos setenta do século XX, em Portugal. Apresenta as raízes europeias do conceito de Política do Espírito, utilizado pelo Estado Novo como designação da sua política cultural, e discute, através de uma perspectiva etnomusicológica, o uso político da música num processo tardio de implementação nacionalista (ou de reconstrução nacional como então se denominou), apresentando objectivos e práticas políticas concretas. O conceito de espectáculo, com referência às suas principais disposições legais, a tendência generalizada de sobrevalorização do passado na política cultural do Estado Novo, e o Fado como categoria musical de importância fundamental são apresentados como partes de um todo orquestrado que, fortemente enraizado em imagens e ideais românticos do século XIX, se desenvolveu em Portugal, com influência perdurável, pela política cultural do Estado Novo.


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