The Labyrinth of the Soul: Wagner’s Musical Lament

Miguel Ribeiro-Pereira

Resumo


Não obstante o dito espirituoso que mais livros se escreveram sobre Richard Wagner do que qualquer outra pessoa, excepto Jesus Cristo e Napoleão Bonaparte, aventurar-me-ei a navegar no mar alto. Este ensaio é a primeira parte de uma trilogia dedicada ao Tristão de Wagner – um lamento musical; de facto, a pedra angular da arte modern(ist)a. Tomando como ponto de partida a interrogação reflexiva de Eduardo Lourenço sobre música tão poderosa, ‘Por que mistério?’, examiná-la-ei de novo sob ângulos diferentes. O texto completo – literário, teórico e analítico – entrelaça música e linguagem: ‘Música na linguagem’ explora preliminarmente as qualidades sonoras, sensoriais e artísticas, da palavra. ‘A linguagem da música’, a seguir, propõe uma gramática da música tonal, compreendida no panorama mais amplo da evolução da consciência ocidental. ‘Música como linguagem’, por fim, oferece uma nova perspectiva do processo músico-poético de Wagner: aí procuro desvendar essa ânsia (Sehnen) tão peculiar do chamado ‘acorde de Tristão’, que reverbera ao longo do drama, e como ele se converte na transfiguração beatífica de Isolda. Só a primeira parte, literária, será aqui presente. Vultos significativos da cultura literária são convocadas a propósito dessoutra experiência anímica portuguesa de nostalgia – por conseguinte, indizível noutra língua – a que chamam saudade. Oferece-se então uma panorâmica comparativa do equilíbrio instável entre música e linguagem ao longo do tempo, que suscita a questão fundamental da verdade artística: seja ela criativa ou reflexiva, trata-se de um tipo de harmonia ou consonância com a realidade, que implica perspectivas diferentes e vozes multifárias.


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