Officium cordis. O sagrado e o profano na música e na Festa da Pocariça (1950-atualidade)

Carla Minelli

Resumo


A Festa da Pocariça é uma festa católica que se realiza, anualmente, em honra de São Sebastião e Nossa Senhora de Lourdes. Desde o início do século XX, houve um conjunto de mudanças significativas na Festa, em consequência das reformas na Igreja Católica Romana, relativas à liturgia e eventos católicos decorrentes do Motu Proprio Tra le Sollecitudini (1903), assim como do Concílio Vaticano II (1962-5), que foi adaptado pela Igreja portuguesa à realidade local. Este artigo analisa as mudanças ocorridas, desde 1950, na música religiosa e profana tocada durante a Festa da Pocariça: 1) a forma como a Igreja portuguesa adaptou as normas do documento Tra le Sollecitudini à realidade local, permitindo a actuação da banda filarmónica na festa litúrgica, o que era proibido pelo Motu Proprio; 2) as mudanças implementadas após o Concílio Vaticano II, para a música litúrgica na década de 1960 e para a música profana na década de 1970, que apenas depois de 1974 – após o início do período democrático em Portugal – foram aplicadas à totalidade da festa, diluindo a dicotomia entre a música religiosa e música profana. De facto, após 1974, as bandas pop e rock, proibidas pelo Motu Proprio e consideradas profanas e perigosas num evento católico, passaram a participar na Festa da Pocariça. A Festa como um todo é considerada como officium cordis, uma Festa religiosa a partir do coração. 


Texto Completo:

PDF

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Copyright (c) 2018 Revista Portuguesa de Musicologia

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.